Viagem Luanda Huambo…(DIVERTIDA) Ia eu a caminho do Huambo pela estrada fora… Ao volante da minha ‘princesinha’… Ela lá ia toda contente… E eu…lá ia porque tinha que ir… Nestas viagens e sozinho a gente pensa…Porque eu também penso… E, às tantas, dois porquinhos pretos atravessam a estrada que quase me fizeram parar…pra num os matar… Eles lá atravessavam a estrada…tac tac tac tac tac… (escrevi assim porque as unhas dos porquinhos faziam esse barulhinho na estrada…) é isso mesmo…pois é… Já viram dois porquinhos a atravessar a estrada? Pois se virem uma vez, vão ver que é assim que as unhas deles fazem o barulhinho… pois… E lá segui eu o meu caminho… Ali, parei no Dondo. Pedi um café e uma fatia daquele bolo que tava lá… É bom bolo, mas nem sei se era o mesmo que estava lá há uma semana atrás, mas se era o mesmo não faz mal porque até estava bom. E depois lá fui eu….Sempre a andar e a pensar… Pensava que estrada até ao Huambo é muito comprida, nunca mais acaba… Pois é mesmo… Compriiiiiidaaaaa… Tão comprida que demora 560km a chegar lá…ou melhor…demora umas 7 a 8 horas de comprimento… de comprimento não… de tempo… E depois desse tempo chegamos lá. Se não pararmos muitas vezes pelo caminho, como eu por vezes faço e demoro mais horas…Mas os quilómetros são os mesmos… Claro que são… A estrada não estica…é sempre a mesma…E neste tempo tem muito capim à volta, alto, muito alto… É giro ver… Eu gosto… E pronto… Depois ali à frente vi três camiões chineses parados na berma da estrada e carregados com madeira. Não sei para onde iam… Eles até estavam parados e assim parados não iam a lugar nenhum…Digo que eram chineses porque tavam uns seis chineses junto dos camiões… Sei que eram chineses porque eram pequenos. Os chineses são muito pequenos… mas são muitos… Pois são mesmo…. Se não acreditam, venham cá ver… São muitos mesmo… E até guiam camiões que eu já vi… Vi sim… Pela estrada fora… Mas aqueles estavam parados… Mas eu passei e segui. Estava calor nesse dia, mas eu nem liguei o ar condicionado da ‘princesinha’ porque não gosto muito. Abro a janela e pronto. Já faz vento e refresca. E até acendi um cigarro pra fumar… Tá bem…Faz mal… Mas eu gosto de fumar um cigarrito a conduzir. Sabem que não se deve andar muito depressa na estrada. Eu nem ando depressa… às vezes ando… Mas a Polícia controla a pressa das pessoas que vão a conduzir…E se acham que vão depressa demais passam multas ruins de pagar… Ruim, porque ninguém gosta de pagar multas... Eu num gosto nada. Num gosto e pronto… E tal…não gosto… Mas a Polícia tava ali na estrada… Eu vi, mas hoje não mandaram parar… Eu até nem ia depressa… E fiquei a pensar que, para os condutores abrandarem na estrada, em vez de polícia podiam ser meninas bonitas…de mini-saia. Acho que dava certo… é que eu, vi uma vez numa rua das Caldas da Raínha uma cena fixe que me deu esta ideia… A Menina, que até nem era tão menina assim, ia no passeio, de saltos altos e mini-saia…mini… o condutor chegava à passadeira e parou…mesmo antes da referida menina se prontificar para atravessar… Ela atravessou em segurança… E sorria… eu vi-a sorrir… Deve ter sido pra agradecer ao condutor solicito… Tão a ver como tenho razão?... Se fosse um policia que estivesse no passeio eu tenho a certeza que o gajo não parava e até podia atropelar o policia… Mas como era a menina de mini-saia, uma menina já na casa dos trinta anos, ele parou pra ver……Bem…quer dizer…pra ela atravessar em segurança… é isso…pois é…eu acho que foi… E dizia eu que… Se na berma da estrada em vez da polícia estivessem dessas meninas, os condutores reduziam a velocidade….e já não havia acidentes…eu acho que não… Que acham?... Mas até nem sei… é que uma vez, tava uma menina assim na berma e um condutor até parou, mas o que vinha atrás não parou.. E bateu no que parou… Bummmm…eu vi…e ouvi… Talvez o que vinha atrás quisesse passar à frente… Deve ter sido isso… Os gajos ficaram a discutir e as meninas que estavam na berma riram-se…. Nem sei onde tava a piada porque um acidente não é de rir… Mas até teve piada… E depois os governos até gastavam menos dinheiro com as fardas, é que não precisavam de tanto pano… Acho que era boa ideia… É que há crise de dinheiro nos governos e uma mini-saia custa menos a fazer que calças de uma farda… Tenho ou não tenho razão?... Depois apareceu a Quibala… E eu parei pra tomar um café ali no bar das bombas de abastecimento… Mas eu num ia abastecer porque ainda tinha combustível pra chegar ao Huambo…Tinha mesmo, que a minha ‘princesinha’ até nem gasta muito… Então eu entrei no bar e pedi um café à menina que estava do outro lado do balcão e sentada numa cadeira daquelas altas….e…e…ela tava de mini-saia… Bááááá….eu já nem sei se queria café…Ela olhou pra mim e puxou a saia pra baixo... Eu ri-me e disse-lhe que não adiantava puxar a saia, porque se ela a fez curta agora não ia crescer e eu não me importava que estivesse assim… É que não importava mesmo nada…nadinha… Ela tirou o café e serviu-me… Serviu-me o café… Bem entendido…ok?... Mas num gostei daquele café não… Num tava muito bom… E depois a chávena tava muito quente… (disseram-me uma vez que café em chávena quente, tira dois terços da potência masculina. Eu perguntei porquê. E responderam-me que é porque queima os dedos e a língua…) E riram-se de mim… Num vi onde tava a piada… Háááá…já sei… é que ficando com a língua queimada depois nem conseguimos comer direito…e se não comemos ficamos fracos…deve ser isso.. Pois é… talvez seja isso… é que já me aconteceu uma vez…Por isso não gosto de chávenas muito quentes… Eu tomei aquele café na chávena a queimar e fiquei com a mesma força… Tenho a certeza… Fui pró carro igualzinho e consegui por o motor a trabalhar e lá fui eu pela estrada fora… A pensar nisso… Num há razão nenhuma nessa coisa da chávena quente… Depois da Quibala tem um sítio que a estrada fica direitinha por ali fora até lá longe… Sempre direitiiiiiinhaaaa… E tem capim dos dois lados… E tinha uma menina parada na berma a pedir boleia… Essa menina parecia simpática… Tinha uns cadernos na mão e uma bata pendurada no braço… Ela devia ser médica… Porque tinha uma bata… E também tinha uma mini-saia… Era uma menina que devia ter uns vinte anos…penso eu… E eu parei pra dar boleia… Acham que não devia?... Mas ela coitadinha estava ali num sítio que não havia casas nenhumas e a estrada era comprida e direitinha até bem longe e tinha capim dos dois lados… Não a ia deixar ali sozinha… Acho que fiz uma boa ação… Ou não?... Fiz sim… Quando entrou no carro e se sentou no banco ao meu lado…. Uiiiiiiiii…. Sabem como é uma mini-saia quando a mulher se senta num carro?... Pois era assim mesmo… Daquelas mini-saias que só não mostram um bocadinho das pernas… Ufaaaaa… E eu fiquei preocupado porque ela devia estar a sentir-se mal… Mas eu disfarcei e nem olhei….pois…claro…sim…e tal…pois…bemmm…acho que olhei uma vez…ou foram duas….nem sei…. Uma vez disseram-me que a mini-saia é como cerca de arame…”cerca mas não tira a visão”… Se calhar tem razão… Quando ela entrou eu perguntei como se chamava. Só pra meter conversa… poiiiiis…poiiiisss foi…meter conversa…porque… devemos ser… agradáveis quando damos boleia…é isso…simmm…e tal… E ela disse-me que se chamava Genoveva… éééé pá!… Genoveva? Eu uma vez conheci uma Genoveva… Bem... Conhecer não conheci, era a personagem de um livro que li… O livro era “A GENOVEVA E AS AMIGAS”… Acho que era Genoveva… As amigas até lhe chamavam “madrinha” e viviam todas numa casa muito bonita… Sim….pois… E tal… Daquelas casas que são bonitas… Mas ia eu com a Genoveva no carro e ela sorria pra mim… E então eu perguntei. Que fazes Genoveva? E ela a rir disse. Faço tudo!... Aí eu afinei… Como pode ser? Eu sou um gajo que já faço muitas coisas… Ligo uns fios…aperto uns parafusos…e tal…e faço umas soldas…muitas coisas… Mas num faço tudo… Como pode uma menina tão nova fazer tudo?.... Hummmmm… Então eu perguntei… Tudo como?... Ela responde. Faço o que quiseres?.... Aí eu afinei mais ainda… Mas eu não quero que me faças nada, só quero saber o que fazes… Pensei que talvez não me tenha explicado bem ou ela não tenha entendido… E disse-lhe… Que fazes na vida? Se trabalhas na agricultura, se em casa, se num escritório…ou quê?... Ela sorriu…Porque ela sorria muito e eu gostei dela porque gosto de mulheres que sorriem… Ela disse que estudava… E eu disse… Há ok..tá bem.. Ya… E la seguíamos pela estrada fora dentro da ‘princesinha’… E não sei porquê, ou eu, tava distraído ou nem sei… As rodas da carrinha entraram num buraco bem grande, o carro deu dois pulos que parecia um cavalo bravo, a Genoveva saltou no banco e ficou meio de lado virada pra mim….a mini-saia ficou mais mini ainda… O cinto ajustou-se mais ao seu corpo e como o cinto passava pelo meio do peito…ficou com assim com dois….bem…sabem….é que até a blusa se abriu….e….e…é que….quase ficava assim…como…Como estava antes de apertar a blusa…pronto…e eu vi…ufaaaa….e a mini saia já só escondia um bocadinho do bocadinho das pernas…e mais nada….sim porque quase não se via nada….da saia…….via-se tudo…e…p..ppp…pppppooiiisss… Eu fiquei incomodado com aquilo tudo… A menina podia ter-se magoado…mas não, ela sorria pra mim…eu até suava….sim…simmm… suava…tava calor e de preocupação…sim…claro…porque um homem preocupa-se com estas coisas… E tal… não é? Pois… ela podia ser doutora e estava ali assim na frente de um homem sem o bocadinho das pernas escondido na mini-saia porque o salto do carro tinha provocado aquilo… E lá seguia eu muito direitinho atento à estrada a conduzir com cuidado…não houvesse mais buracos na estrada, porque então nem sabia o que podia acontecer… às tantas ela pergunta-me… Porque mexes nessa coisa comprida aí no meio… Uiiii…uiiii…ufaaaa….que pergunta… Fiquei paralisado sem saber o que dizer, até fiquei envergonhado… ufaaa… aiii…. aiiiiii…opa…que pergunta rapariga… Bem… é que nem sabia com havia de explicar aquilo?... Porque mexo nesta coisa assim pra trás e prá frente?... Sim! Disse ela… aiaaa….Como vou explicar isto…fogo…estas raparigas fazem cada pergunta? E fez outra pergunta… Como se chama isso?... Uiiii…ela nem sabe como se chama isto e agora como vou explicar?... Mas menina não sabes o que é isto?... Não… Disse ela… Isto é a alavanca de velocidades e eu mexo aqui pra andar mais depressa ou mais devagar…. E ela disse… Háááááá… E ficou assim com a boca…Assim como… quando comemos uma banana… Pois…é…ficou assim mesmo… E eu fiquei incomodado… Pois foi…e lá seguíamos caladinhos… E eu pra meter conversar perguntei. Onde vais ficar?... E ela disse… Ali à frente… Pois, ali à frente… E fomos sempre em frente… Mas onde é ali à frente? Perguntei eu… É ali à frente. Disse ela… Bem. Um dia quero conhecer “ali à frente”… Disse eu…. E ela riu-se… Ela gostava de rir… Penso eu de que… às tantas diz ela… É aqui!!!... Aqui? Perguntei eu… aqui o quê?... Era ali… disse ela… Mas era ali ou aqui?... Disse eu… Era ali que eu ficava. Disse ela… Mas não era ali à frente? Perguntei eu outra vez… Sim…mas agora é ali atrás… Disse ela e voltou a falar…Pare aqui… Parei e perguntei… Mas dizias que era ali à frente que ficavas e agora já é ali atrás?... Como ficamos?... Diz ela…Mas onde ficava já ficou ali atrás… Fico aqui… E ela saiu do carro… Fiquei confuso com aquilo… Pois ela dizia que ficava ali à frente, depois já dizia que era ali atrás… Não percebi nada… Mas também não faz mal… E eu fui embora pela estrada fora… Chegou o Waco Kungo e eu não parei pra tomar outro café… E fui embora sempre em direcção ao Huambo que ficava ainda a quase 200km… E lá estava outra menina a pedir boleia… Mas num parei… Esta até nem estava de saia nem nada e se calhar também queria ir ali prá frente, mas ali prá frente já tinha ficado ali pra trás e eu não estava com vontade de ir pra trás e então fui em frente sem parar… E eu olhava a paisagem que via a passar… É uma paisagem bonita de se ver. Aparecia uma montanha de pedra enorme que parece que vamos de encontro aquelas rochas, mas a estrada vira um pouco à esquerda e passamos ao lado dessas rochas enormes, depois passo pelo sítio que tem uns eucaliptos. É o único sítio em África que eu conheço eucaliptos… Tá bem… Pode haver mais sítios em África que tenham eucaliptos, mas eu só conheço este sítio com eucaliptos. Eu passo sempre e lá vou eu… A paisagem abre-se linda com a savana até perder de vista e algumas aldeias espalhadas pela savana. O capim está verde e alto nesta altura do ano, balança ao passar dos carros e camiões quando passamos rasando o capim que ladeia a estrada. Ali vejo um rebanho de cabras e um cão que acompanha o rebanho... Mas que cão… eu acho que nunca tinha visto um cão assim… Mas que cão…nem imaginam o cão que ali estava… Era um cão…bem…eu disse pra comigo que nuca tinha visto um cão assim…era um cão muito magrinho… Parecia um cão ranhoso… e lá fui eu sem parar pela estrada que atravessa a savana de Angola e eu até gosto de fazer esta viagem… E já a fiz várias vezes… Não sei se sabem mas já fiz sim… E às tantas vejo um camião deitado na berma da estrada…Ali deitadinho no taludo da berma… Eu pensei pra mim… Será que o camião estava com sono?... E pensava que só queria que a minha “joaninha” nunca tivesse sono nestas viagens e se deitasse na berma… E continuei guiando com cuidado… Já depois do Alto Hama passo uma curva a estrada começa a descer e a Polícia está lá… E manda-me parar. Eu até ia devagar… Não tiveram sorte porque eu conduzia com calma ali naquele sítio… - Sr. Condutor, está tudo em ordem? Perguntou o Agente. - Sim Sr. Agente. Tudo bem. - O Sr. De onde vem? - Venho de Luanda Sr. Agente. - E vem sozinho? Olhe qu enão é conveniente fazer estas viagens sozinho. - Eu sei Sr. Agente, mas teve que ser assim. - Olhe Sr. Condutor, hoje está muito calor. - Eu sei Sr. Agente…..(ele nem imaginava o ‘calor’ que eu tinha tido alguns quilómetros atrás perto da Quibala… Ufaaaa que calor eu tive…) - O Sr. Condutor não tem aí nada para matar a sede? - Tenho aqui duas garrafas de água… O Agente da autoridade aceitou e agradeceu e eu lá fui pensando que aquele dia tinha sido muito quente… Dali até ao Huambo a estrada já era mais curtinha… A ali já via a Pedra da Cuca ao longe, mas não muito longe… Passei o cruzamento que dá para o Bailundo e pensei que amanhã tinha que ir por aquela estrada fora até perto da Calucinga… Passei a Chipipa e lá fui eu cantarolando conjuntamente com o José Cid a canção “Rochedo”… Eu gosto dessa canção e pronto, canto também... Mas num peçam pra cantar que eu canto mal…ok? Depois não parei na Cuca, hoje não parei e fui direto ao Huambo, Já eram quase 16 horas e eu tava com sede, nem sei se era do calor que tive na Quibala ou do calor do sol… Mas tava com sede e fui tomar uma bebida no RH no Huambo… E pensei que ia ficar ali até à hora do jantar… Fiquei sentado na esplanada a ver as pessoas a passar nas ruas. Ali chamam ou chamavam o Himalaia… e eu fiquei a tentar sentir o que as pessoas que ali viveram noutros tempos sentiam naquela esplanada… Porque me disseram uma vez que ali mesmo naquele sítio havia uma esplanada… Fiquei ali e pronto… Já estava um copo de cerveja CUCA na minha frente e eu pensei que quase via as pessoas que noutro tempo ali vinham tomar uma ou duas cervejas… Devia ser bom… E eu até estava bem… Fechei os olhos e parece que via tantas pessoas que conheço…(aqui do face…) a passar pelas ruas… Os estudantes no fim das aulas com risos e brincadeiras… As estudantes que já se iam aventurando num namorisco ou até fumando um cigarrito às escondidas… Os moços mais espigados que passavam com as suas motos ou os seus carros vistosos e paravam para dar boleia às meninas ou até só para meter conversa… Os senhores que vinham no fim do dia de trabalho relaxar no jardim da alta e conversar com os amigos… As Senhoras que vinham do trabalho ou dos seus afazeres e se encaminhavam para casa entre conversas com as amigas. E eu ali sentado com os olhos fechados via isto tudo… Chegou a noite e eu jantei ali na esplanada… Pensei que houve dias em que no Huambo as pessoas viviam bem… E agora no final quero dizer… Obs: Qualquer coincidência com a ficção é realidade…. NÃO… Qualquer realidade com a ficção é…… NÃO… Qualquer ficção com a realidade é …. NÃO…. Como se diz?.... Qualquer…hummm…coincidência com a ficção…. NÃO…. Aiiiii… já num sei…. ……..Qualquer semelhança com ficção é realidade……… NÃO………… Háááá… Já sei!!!.... Observação: Isto é uma história de ficção! Qualquer semelhança com realidade é pura coincidência!
O dia até corria sossegado. O trabalho estava concluído, embora houvesse sempre algo mais a fazer, mas aquela etapa estava terminada. E nesse dia mais calmo, de manhã, permitiu-se ir até ao Huambo tomar um café no Império. Terminava o café e o telefone tocou. Olhou… Humm.. – Deve ser algo que não está bem lá por Benguela, pensou. Atendeu. – Bom dia Amigo, como estás? Do outro lado da ligação o seu colega de trabalho falou. – Bom dia venerável Amigo.. (sempre a saudação desse colega…) Olha, tens que vir a Benguela porque eu não consigo resolver o problema desta máquina. O dia que estava calmo ficou mais agitado. Preparou-se, comunicou a quem de direito e meteu-se à estrada. Até lhe ia saber bem essa viagem até Benguela. São algumas horas, mas já estava habituado a viajar sozinho e isso dava-lhe imenso goso. Viajar sozinho por aquelas terras. O dia estava bom. Sol e calor. E aquela reta até à Chipipa era uma das mais difíceis de passar, pois, depois de passar aquela reta, o Huambo ficava para trás e só o destino importava agora. E durante a viagem ir-se deliciando com as paisagens e motivos de interesse que via pelo caminho. E quase todos os motivos eram bons, para ver admirar. Desde o capim e vegetação rasteira, até aos mais frondosos imbondeiros. Tudo lhe despertava a atenção e fascínio. As pessoas que passavam, ou estavam na berma da estrada a vender os seus produtos da terra, Ou caminhavam para os seus afazeres. Os bosques e planícies. Tudo o encantava. Ali junto da berma uma moita de capim chamou-lhe a atenção e pensou em como aquela natureza lhe dava uma certa paz. Aquela moita de capim era capaz de ser um bom mote para um poeta… Pensou. Ligou o seu pequeno aparelho de musica ao som do carro e deixou a musica embala-lo… Adorava ouvir música nas viagens. Ali à frente já perto de Alto Hama, em Tchitatamela, uma brigada de controlo de trânsito fez-lhe alto e ele teve que parar. – Sr. Condutor, por favor mostre-me os seus documentos e os da viatura também. Mostrou os documentos… - Está tudo em ordem. Pode seguir viagem. – Obrigado Sr. Agente. Atrasou-se um pouco na viagem, mas até agradeceu aos Agentes da Autoridade terem-no mandado parar, é que o sono estava a “pegar” com ele e assim ficou mais alerta e a viagem decorreu tranquila. Alto Hama… Virou à esquerda e acelerou mais a viatura, pois os quilómetros ainda eram bastantes. O sol da tarde feria-lhe os olhos e então decidiu que devia colocar os óculos de sol, já tão velhinhos, devem ter uns 25 anos, mas que ainda cumprem a função para que foram feitos, acessório que quase nem usa, somente em viagem quando a conduzir e está sol. Alto Hama ficou para trás. No final daquela reta a descer, uma curva e sobe novamente, ali ao lado no meio de algumas árvores está, o que ele pensa ser um cemitério, ou onde caiu algum avião, pois tem umas esculturas em forma de avião. Ele fica a pensar o que ali teria acontecido. A viatura Toyota seguia veloz, não muito veloz, mas o suficiente para a viagem ser o mais rápido possível e em segurança. A paisagem ia-se abrindo ao longe em contornos ondulantes e suaves. Mais uns quilómetros e aparece Monte Belo. Ao chegar a Monte Belo vê uma rapariga caminhar na berma da estrada, às costas leva uma criança, também ela uma criança e já com um filho nos braços, ou melhor, às costas como quase todas as mulheres africanas. Pensa, como é que aquela jovem mãe irá dar sustento ao seu filho. Mas ali, naquela Terra, tudo é possível. As crianças crescem livres da modernidade e são felizes com tão pouco. Vai seguindo o seu caminho ao volante e ouvindo a música que ecoa no habitáculo do carro. Julio Iglésias canta “Las Cosas Que Tiene la Vida” e depois “Quijote” e a viatura deslizava pela estrada quente… E pensou que por vezes se sentia um ‘Quijote’… Ali ao lado um estaleiro de obras sem atividade mas ainda se encontra lá uma máquina como as suas, aquela máquina estava sem atividade fazia tempo, pois percebeu pela envolvência. Devia ter trabalhado para a reconstrução da estrada em que agora circulava, essa máquina pertencia a uma empresa brasileira. Teve que travar quase a fundo, pois um porco apressado, atravessou a estrada no seu caminho de procurar comida no campo do outro lado da estrada. Sorriu ao ver o animal nem se preocupou com o trânsito. Na berma estavam pessoas que vendiam carvão que elas próprias faziam para vender a quem passava, para ganhar algum dinheiro. Ele próprio já tinha comprado algumas vezes sacos de carvão pra fazer uns grelhados. Uma mulher envolta numa capulana caminhava pela berma da estrada com um molho de lenha à cabeça, levava esse bocado escasso de lenha para fazer o fogo com que devia cozinhar a comida para alimentar a família. Aquele local por onde circulava era muito pobre, quase de miséria, uma parte profunda de Angola, mas com belas paisagens. Paisagens, essas, que dão simplicidade e beleza a essa Terra. Essa riqueza que ninguém pode roubar. É esse o mistério de Angola que muito o fascina e cativa. Todos esses motivos que apaixonam… Mas que não se deixam domar… É Angola… África… Olha o horizonte e o sol começa a descer e define melhor os contornos das montanhas. Começa a ser a melhor hora de fotografar paisagens, mas nesse momento acha que aquelas imagens só devem ficar guardadas na mente e então a máquina fotográfica fica quietinha e vai observando tudo à passagem. Passa agora pelo sítio onde se cultivam os ananases… Bons… Saborosos… As pessoas juntam-se na berma para vender esse fruto que ele adora, acenam e chamam. Decide então parar para comprar alguns ananases e por duzentos Kuanzas compra uns dez. Arranca outra vez e vai ouvindo agora a música dos Sta. Maria. A Música que ouve agora é ‘Falésia do Amor’… Bem ritmada que ajuda no ritmo do andamento da viatura e depois “Happy Maravilha”… Duas músicas que gosta de ouvir… Embalado na música e um pouco distraído, trava para reduzir o andamento. Pois apareceu Bocoio e ao passar nas povoações e cidades reduz ao mínimo a velocidade para evitar ter algum contratempo. Pessoas caminham pelos passeios e olham o carro que passa tendo ao volante, um branco. Quem vende olha na esperança que ele pare e compre, quem vai para longe na esperança que dê boleia e uma rapariga ou outra na esperança que esse branco olhe para ela. Uma patrulha da Polícia atenta olha a condução, ele cumprimenta com um aceno de mão e recebe também o cumprimento e segue em direcção ao Lobito. São ainda mais de 100km… Pessoas regressam do trabalho do campo trazendo as enxadas ao ombro, armas da labuta da terra, para dessa terra tirarem o parco sustento. Olha e não muito longe da estrada vê os casebres onde devem ser os lares dessa gente que vive numa das Terras mais ricas de África. Agora a estrada tornou-se mais sinuosa como convém a quem conduz, pois uma estrada sem curvas é mais monótona e convida ao relaxamento, o que é perigoso na condução. E estrada que se prese tem que ter curvas e contra-curvas… Ele acha que uma estrada assim é mais feminina… Pensa e sorri para si… Até viu uma vez escrito na traseira de um camião a seguinte frase… “Mulheres e estradas sem curvas só dão sono”… Concordou com essa frase… Passa as montanhas que tinha avistado uma hora atrás e o sol poente quase o cega porque está baixo sobre o mar do Lobito. A estrada desce sinuosamente entre montanhas, Ele retira os óculos de sol pois quer sentir aquele sol assim… Passa a mudança de 5ª para 4ª e a rotação do motor aumenta para manter a mesma velocidade da viatura, porque, mais rotação do motor melhor se controla a viatura, ele assim aprendeu quando condutor militar e quando a sua vida também foi conduzir viaturas pesadas de carga… Por ali o "Demis Roussos canta “Happy to Be on an Island in the Sun” e depois ‘Lost in Love’ até acha uma música ideal para descer essa montanha. A Toyota desce a montanha pela estrada sinuosa como uma serpente até à planície em baixo e então a velocidade aumenta outra vez até uns 140km… Por ali se veem alguns imbondeiros frondosos… E sente África no corpo… Num espaço livre de árvores, está uma casa, alguns camiões parados, deve ser o equivalente ao que no seu país se chamam áreas de serviço. Segue e ali à frente está o cruzamento… À esquerda a estrada vai para o Lobito e Benguela, à direita segue até Luanda. Reduz a velocidade pois as autoridades de controlo de trânsito estão sempre ali, mas passa sem que o mandem parar e inicia a reta de 15km em direção ao Lobito. Ao passar olha para a direita com vontade de seguir por ali até Luanda. Pois Luanda, quer dizer aeroporto, avião. Avião que o levaria à sua terra e sente saudades da família, pois já hà alguns meses que está longe. O coração fica apertado… Mas o trabalho sobrepõe-se e segue pela reta de 15km. Acelera o motor do carro para tentar chegar ao Lobito a tempo de ver o pôr-do-sol. Mas ainda são mais de vinte quilómetros e vai ser difícil chegar a tempo. Entra na parte alta do Lobito. Contorna a rotunda, ali naquele sítio há sempre mercado onde se vende de tudo, esses mercados tão característicos da Angola de agora. Segue entre o trânsito confuso e uma menina pede-lhe boleia, mas não pára, porque não é conveniente dar boleias. Desce a colina e avista dali o mar do Lobito, vê o porto de mar e a Ponta da Restinga. Chegou tarde pois o sol já se tinha deitado pra lá do mar. Ficou com pena porque o pôr-do-sol visto dali é um espetáculo lindo. Segue por entre as pessoas que estão no mercado que ali em baixo também se faz todos os dias da vida daquelas pessoas. Os imensos táxis característicos de Angola, viaturas de 15 lugares e que na maior parte das vezes levam mais de 20 passageiros. Segue com cuidado entre os táxis afoitos para conseguir mais um passageiro e assim chega à via principal que o levará até Benguela. Via já reconstruida com traçado de separador central. Lobito está a tornar-se uma cidade moderna. Ali à frente está a Catumbela, ali passa já com os faróis da Toyota acesos, atravessa a nova ponte e olha para a ponte velhinha que agora descansa quase sem trânsito a circular sobre ela. Segue rumo a Benguela na via com traçado que se pode dizer de auto-estrada. É noite e ao longe vê as luzes que iluminam o novo estádio de Benguela. É ali que tem que virar à esquerda para o seu destino. O estaleiro da empresa onde está o dormitório e a máquina com a “doença” que o fez deslocar-se ali. Depois dessas horas a conduzir sem parar, estaciona no parque. O seu colega e amigo recebe-o com satisfação por ele ter chegado para resolver a avaria da máquina. A Rosário está a li e sorri-lhe. A pequena mulher Benguelense que está na empresa há alguns anos e que cuida dos alojamentos e da lavagem da roupa dos funcionários. - Boa tarde Rosário. E cumprimentam-se com um beijo no rosto. - Demoraste a vir cá… - Estava no Huambo, Rosário. - Tens que vir cá mais vezes. O teu quarto está preparado. - Obrigado Rosário. Vou arrumar a mala e tomar um banho, pois estou cansado. - Sim… E a Rosário sorriu-lhe mais uma vez. Ele foi para o contentor que servia de quarto, mas que estava bem preparado pelo seu colega responsável do estaleiro e viu que a Rosário tinha deixado o quartinho impecavelmente preparado. Qual quarto de hotel. Um aroma agradável a limpo, a cama impecavelmente feita e sobre a cama, uma toalha de banho. Sempre a eficácia da Rosário. Mulher pequenina mas incansável. Depois de tomar um banho, foi jantar com o seu amigo. Conversaram sobre o trabalho e o problema da máquina. Problema que ele já adivinhava o que seria. Deitou-se e descansou de mais essa viagem pela terra que ele sempre achava misteriosa… Cativante… Bela… Apaixonante… Indomável… Aquela terra que, mesmo que passasse nessas estradas centos de vezes, era como uma nova e diferente aventura… O dia seguinte chegou e a avaria reparou…em meia hora… Era sábado… Resolveu ficar para o domingo para ir até à praia da Restinga… Assim fez…
Esteve umas horas na praia da Restinga e ao voltar pegou num bocadinho de areia e levou consigo…Coisa que muitas vezes faz…
Levar consigo um bocadinho de cada lugar.
...A Capulana...(continuação)...
O carro seguia pelas ruas da cidade.
Sem ser noite muito avançada, as ruas estava quase desertas aquela hora da noite. As rodas do carro rolavam devagar e mal se percebia o ruido no movimento da viatura…
O condutor sem escolher o caminho, o instinto levava-o pela cidade sem destino… O carro desceu a rua comprida, um ou outro carro passava com pressa… Ele seguia sem destino fumando um cigarro lentamente… Passou em frente do hotel e instintivamente olhou para as janelas, viu que uma estava iluminada e no seu peito sentiu a pulsação mais acelerada… Passou sem se deter e ao final da rua voltou a subir…
Depois de um banho retemperador, deitou-se sobre a cama e aconchegou a capulana ao corpo nu... A noite estava quente… Não conseguia conciliar o sono apesar de sentir cansaço no corpo… Rolou na cama e o tecido colorido soltou-se e deixou-lhe um seio desnudado, as pernas despidas e um pouco fletidas… Ficou assim algum tempo sobre a cama olhando a janela aberta nessa noite quente …
Sentia uma ansiedade, levantou-se, enrolou a capulana no corpo e foi até à janela do quarto que estava aberta sobre a rua… Olhou o céu estrelado dessa noite escura de África.
Um carro descia lentamente pela rua, os faróis iluminavam e ela reconheceu o carro que a trouxe na viagem até ali… O carro passou lento e ela ficou a olhar a trajetória que tomava. Viu que ao fundo da rua o carro voltava e ficou esperando…
Subia a rua lentamente e ao chegar junto do hotel viu que alguém estava à janela. Reconheceu-a de imediato embrulhada na capulana… Parou o carro e ficaram a olhar-se ao longe. Ele do outro lado da rua e ela à janela do hotel… Mesmo na noite os olhos falavam… Ele saiu e ficou encostado ao carro. Olhavam-se ao longe… Acendeu um cigarro e ficou a fumar calmamente. O fumo subia em espiral nessa noite e ela teve o desejo de sentir junto dele o aroma do tabaco naqueles lábios…
Dentro do quarto ela sentiu uma força que a impelia e saiu… Desceu as escadas, atravessou o hall da entrada e saiu para a rua.
Dou outro lado da rua, lá estava ele encostado ao carro… Atravessou a rua quase a correr e parou bem junto dele que quase lhe sentia a respiração no rosto. Ele olhou-a nos olhos e disse:
- Queres vir comigo?
- Onde queres levar-me?
- Vamos por aí. Queria estar esta noite contigo. Amanhã vou viajar novamente e não sei quando te verei outra vez.
- Mas tu não páras muito tempo num sítio só? Já vais de viagem?
- Sabes, é a minha vida errante… Mas espero voltar e ainda te encontrar. Vem comigo…
Ela sorriu e entraram no carro que arrancou pela rua. Depois virou e seguiu pela estrada que entrava pela savana imensa…
- Onde me levas?
- Não te vou raptar… Vamos ver a noite na savana, é das coisas que mais gosto em África… Sentir a noite e todos os murmúrios da savana…
Ele olhou-a e sorriu-lhe. Via-a embrulhada na capulana e adivinhou-lhe o corpo nu debaixo do pano colorido. Pelos ombros a capulana envolvia-lhe o corpo, ela prendia com as mãos na frente do peito e sentada no carro a capulana deixava as pernas nuas aos olhos dele que tremeu com essa visão.
O carro seguiu nessa noite quente de África durante alguns quilómetros até onde a savana se podia avistar em ampla extensão.
Ao passar viam-se a casas de adobe ali tão características. Um ou outra fogueira ainda acesas davam alguma claridade à noite e criavam sombras místicas entre as árvores circundantes. O carro seguia quase em silêncio com eles dentro. Ela abriu um pouco a janela e o vento quente bateu-lhe no rosto e sentiu o cheiro de áfrica e daquela Terra… Olhou-o e via-o a conduzir olhando a estrada que se embrenhava pela savana sem fim…Viu-o fazer um movimento que lhe pareceu instintivo. Ele pegou no maço de cigarros pousado no painel do carro, devia ser o sítio de sempre do maço de cigarros, pois ele pegou sem olhar e ficou com o maço na mão dando voltas como que acariciando um corpo… Ela via-lhe o gesto e pensou com desejo, que gostava de sentir aquelas mãos no seu corpo… Este pensamento fez-lhe arrepiar o corpo e quase sentiu um tremor que conteve a tempo de ele perceber…
Levava o cigarro aos lábios e soltava o fumo lentamente, o fumo dava uma volta dentro do carro e saía pela janela perdendo-se no ar africano, pensava que queria que aquela mulher se perdesse nos seus braços…
Os quilómetros passaram e o carro virou para uma clareira entre algumas árvores que ali existiam e parou sobre uma pequena colina de onde se avistava a savana em grande extensão. A noite estava escura e as estrelas no céu. Os olhos habituaram-se ao escuro e conseguiam divisar a savana mística… Uma ave passou em voo rasante ouvindo-se o esvoaçar das asas… Ao longe algum animal noturno gritou… Eram os murmúrios da savana Africana…
Saíram do carro e ficaram a ouvir e sentir aquela magia que os envolvia… Estavam encostados ao carro sentindo todo o aroma que pairava no ar… Ele colocou-lhe a mão no ombro e ela encostou-se recostando a cabeça no ombro dele sentindo-lhe a pulsação no peito… A capulana descaiu e um ombro ficou nu. A mão dele pousou sobre a pele macia e ela tremeu… Depois deu alguns passos e sobre a pequena colina olhava aquela imensidão até onde os olhos conseguiam ver nessa noite somente iluminada pelas estrelas… Fechou os olhos e viu toda aquela savana que nos prende quando assim, sentindo, fechamos os olhos e a vemos com o coração…
Abriu os braços com a capulana presa nas mãos como que querendo abraçar tudo em redor… Ele por detrás dela via-a como uma fada. Talvez uma fada que lhe fazia sentir toda aquela magia… E nessa imensidão sentiu-se pequenino pensando que a todo o momento aquela mulher assim nessa postura podia elevar-se voar e desaparecer da sua vista… Sentiu um tremor se isso assim se passasse… A capulana assim estendida deixava-lhe ver os ombros dela… Via-a como uma pérola… Bela… Aproximou-se e rodeou-lhe o corpo com os braços sentindo-lhe a pele da barriga nas mãos… Soube nesse gesto que o corpo dela estava nu debaixo do pano colorido de África… Ela desceu as mãos que pousou sobre as dele acompanhando os movimentos das mãos dele no seu corpo… Ao ouvido ele segredou-lhe:
- Nesta imensidão de terra somos como pequenas formigas…
- Adoro estar aqui contigo… Obrigado por me trazeres…
Aquele calor dessa noite era premonitório… Uma tempestade aproximava-se… Lá ao longe um relâmpago iluminou o céu da noite escura. Um raio vertiginoso rasgou o céu e momentos depois um trovão fez-se ouvir… Assim abraçados nem se mexeram, parece que pressentiam e desejavam aquele trovão… Novo relâmpago rasgou o céu de alto a baixo com o raio a desenhar curvas no céu e perder-se no chão lá ao longe… Ele apertou-lhe mais o corpo e ela aconchegou-se no dele… A capulana caiu estendida no chão e eles ficaram sobre ela… Como que quisessem sentir no corpo aquela terra misteriosa…
A tempestade aproximou-se com a chuva quente que as nuvens deixavam cair sobre a terra… A chuva que também caiu sobre eles que se davam um ao outro com vertiginoso desejo de se sentirem e terem sobre aquela terra… A chuva molhava-lhes os corpos unidos como que sendo um só… Novo relâmpago rasgou o céu e do peito deles ouviu-se um grito como que em uníssono com toda essa magia misteriosa da savana africana em noite escura…
Ali ficaram algum tempo abraçados sobre a terra vermelha… Sentindo o cheiro da terra molhada… Sentindo o cheiro dos corpos molhados pela chuva quente que só ali se sente como em mais lugar nenhum…
Ali ficaram sentindo toda a magia que os envolvia… Ali abraçados deixaram o dia nascer vendo o lindo nascer do sol que só ali tem mais encanto…
Horas depois o carro deslizava e entrava quase silencioso pelas ruas da cidade e parou em frente do hotel com o dia já nascido… Deles nasceu um carinho imenso que não mais iriam esquecer mesmo que nunca mais se vissem… Despediram-se em silêncio com um sorriso nos lábios a iluminar-lhes os rostos…
Quando entrava no hotel virou-se e perguntou-lhe.
- Quando te volto a ver?
- Não sei… Deixa o tempo se encarregar disso. Mas uma coisa tem sempre presente… Foste uma das coisas mais belas que me aconteceu… E como formigas vamos andando por aí que um dia havemos de nos encontrar para nos abraçarmos…
Ela embrulhada na capulana molhada entrou e foi para o seu quarto pensando que foi dos momentos lindos que teve e nunca mais havia de esquecer…
O carro seguiu com ele dentro pensando que um dia havia de voltar a encontra-la… Para a abraçar…
6 Horas da manhã… O despertador toca… Levantou-se porque tinha uma viagem a fazer. Quase 600km de condução e hoje nem estava com muito espirito para viajar…
Depois de tomar um banho e enquanto se preparava o telefone tocou… Uma mensagem chegou. “ – Como te prometi, cheguei!... Estou no aeroporto. Gostava que viesses buscar-me…”
Tremeu… Sabia que um dia ela haveria de chegar… Respondeu à mensagem: - Sim. Vou buscar-te. Espera-me que eu vou…
Saiu, meteu-se no carro e dirigiu-se para o aeroporto. Ao chegar ela já o esperava fora da aerogare… Cabelo não muito comprido, blusa leve e uma saia rodada pelo joelho… Olhou-a e sorriu…
Parou o carro e saiu… Olharam-se… Deram um abraço longo e apertado…
Depois meteram as malas no carro e o carro seguiu pelas ruas da cidade. O trânsito aquela hora estava intenso. Por entre os carros que procuravam chegar cada um primeiro que o outro, ele conduzia com cuidado. Pararam para tomar uma leve refeição e depois seguiram pela estrada rumo ao sul…
O sol, aquela hora já fazia sentir o seu calor de África. Ela disse:
- Que saudades, deste calor africano.
- Já tinha saudades de ti. Pensei que não te veria mais e muito menos aqui.
Sorriram. E o carro seguia pela estrada com o ruido dos pneus no asfalto a fazer-se ouvir… Ela abriu a janela do carro e deixou que o vento lhe fizesse esvoaçar o cabelo. A blusa leve tinha o decote aberto e a brisa fazia o tecido ondular e ele viu-lhe o vale entre os seios moldados pelo soutien…
Ele pensou: - Que linda imagem a desta mulher assim… Olhou-a de cima a baixo e com os olhos sentiu-lhe o corpo… A saia leve e curta mostrava-lhe as pernas de contornos suaves e sensuais… Voltou a pensar: - Este corpo ficava sensual embrulhado numa capulana africana…
Há muito tempo tinha comprado uma capulana que o acompanhava sempre como que fosse essa mulher que agora estava ali ao seu lado para fazer a viagem que tantas vezes tinha feito sozinho.
O carro seguia com velocidade regular e ela extasiava-se com as paisagens que tantas vezes tinha sonhado… Seguiam em silêncio… Cada um com os seus pensamentos… Por ali a paisagem de imbondeiros imponentes mostrava a sua pujança de África.
Muitos quilómetros depois a paisagem mudava, atrás ficou uma paisagem mais irregular de montanhas e ondulações por onde a estrada serpenteava. Agora a paisagem era mais plana. Paisagem que agora deixava ver o horizonte até longínquos quilómetros em redor…
O sol fazia-se sentir com o calor intenso natural daquelas paragens. A pressa de chegar não impediu que o carro parasse ao pedido dela para sair e poder sentir o cheiro da terra africana de que tantas saudades sentira.
Ela saiu do carro num sítio onde se podia ver a savana até quilómetros em redor. Abriu os braços como a querer abraçar aquela Terra. Terra por quem nutria um amor que só quem ali viveu é capaz de sentir.
Ele via-a ali parada e pensou que nunca imaginou que aquela mulher sentisse assim tanto apego aquela Terra. Olhava-a e pensou que então devia vesti-la com as cores africanas e foi buscar a capulana que tinha guardada e colocou-lha aos ombros. Ela ao sentir esse gesto dele olhou-o por cima do ombro, sorriu-lhe e com as mãos ajustou esse pano tão característico de Terras de África. Voltou para o carro e deixou-a ali como que fazendo parte dessa paisagem e pensou que assim com essa mulher ali a paisagem era mais bela. E soube que por muitas vezes que ali passasse nunca mais esqueceria essa imagem… Uma mulher branca de capulana tentando abraçar aquela terra.
Quando ela voltou, ele reparou que na mão trazia a blusa e pelos ombros só a capulana lhe envolvia o corpo…
Ao entrar no carro ela cingiu mais a capulana ao corpo e recostou-se no banco do carro…
Ele olhou-a mais uma vez e entre a abertura da capulana viu-lhe as pernas que sobressaiam e controlou a vontade de lhe tocar…
- Vamos seguir? Disse ela.
- Sim, vamos que falta ainda muitos quilómetros até chegar.
Os quilómetros passavam… Ela recostada no banco do carro via agora o que tanto sonhava…
A noite já vinha caindo e com ela trazia a lua que se erguia no horizonte lá longe… Lindo espetáculo e momento de contemplar…
Mais uma vez o carro parou para aquele dois saírem e ficarem ali a sentir o cheiro da savana sobe a luz do luar…
Abraçaram-se como se tivessem perdido o tempo… Ali ficaram a sentir o calor da terra e os corpos a tremer…
Quando o carro entrou na cidade era já noite, as luzes iluminavam as ruas que ela tão bem conhecia dos tempos que ali passava. Ruas um pouco diferentes mas que lhe lembravam os tempos e avivaram as memórias perdidas…
O carro rodou lentamente pelas ruas e ela embrulhada na capulana sentia a saudade e deixou uma lágrima correr pelo rosto…
Ele em silêncio com a ponta dos dedos limpou-lhe a lágrima que caía e sorriram…
Deixou-a em frente ao hotel onde devia ficar e despediram-se com um abraço apertado…
Entrou no hotel a foi para o quarto destinado. Embrulhada na capulana sentia o toque das mãos dele no abraço que deram em plena savana…
Manhã de 16 de Maio de 2012 – Luanda.
9 horas da manhã, entro na estrada rumo ao sul. Destino Huambo no planalto central de Angola.
É preciso ir ao Huambo tratar de uma avaria num gerador de corrente eléctrica que está com “tosse”. E também preparar uma máquina para ir fazer trabalho para outras paragens de África.
Estrada com pouco mais de uns 7 metros de largura, não deixa muito espaço de manobra para condução e o cruzar com um camião pode ser uma manobra que requer alguma tranquilidade, sangue frio ao volante e medição mental certa da largura da estrada. Nestas estradas não há muito espaço para erros de condução. Mas a gente habitua-se e fazer estas viagens torna-se natural.
Passa-se por Catete e a estrada estica-se até ao Dondo. No final daquela reta é Maria Teresa e ali no cruzamento para Malange as autoridade estão sempre presentes. E desta vez passo sem que me mandem parar. Talvez um carro cheio de chineses tenha mais interesse do que o meu que vai rolando nas calmas. Entro na via, chamada “auto-estrada” chinesa e sigo. O Dondo aparece lá à frente e é hora de parar um pouco nas bombas de abastecimento. Não para abastecer o carro, mas sim para abastecer a barriga que já estava a pedir alguma coisa. Ali nesse restaurante comem-se dos melhores pregos no pão da região. Pelo menos parecem os melhores. A fome também faz ter essa ilusão. Mas é preciso abastecer a barriga porque dali até bem longe não haverá mais nada pra meter no bucho.
Feita esta paragem “religiosa” metemo-nos no carro e a estrada é outra vez companhia inseparável durante muitos quilómetros. O meu companheiro de viagem pegou num cigarro e acendeu, eu fiz o mesmo e a música ouvia-se. As rodas rolavam ouvindo-se o “cantar” dos pneus no asfalto quente e a paisagem passava rápido. Ali passava por uma das zonas que mais gosto de passar. Vegetação bem tropical. Palmeiras, bananeiras e uma e outra granja de cultivo. Atravesso uma pequena ponte e o Luis disse:
- Olha, vou dormir um bocado e quando estiveres cansado diz que eu conduzo.
- Fica à vontade que eu estou bem e esta música está agradável. Ali a estrada é, ou parece mais estreita pela vegetação que quase invade o asfalto. Estrada mais sinuosa e o piso está razoável, já repararam os buracos que ali haviam durante vários quilómetros.
Os Abba cantavam e o carro rolava, a curva aproximou-se e ali estava o monstro de 14 rodas que vinha em sentido contrário e parece que tapava toda a estrada sem deixar espaço para a Hilux que rolava a 90km/h passar… O sangue ferveu nas veias, a adrenalina subiu a níveis altamente perigosos, a pele ficou arrepiada e o suor frio molhou a pele… A passagem de mudança de 4ª para 3ª foi rápida, o acelerador foi pisado de imediato para melhor controlar o carro que foi apontado para o único espaço que era possível passar… A Toyota com o motor a rugir e sem sinal de travões, que travar numa hora dessas é morte do “artista”, segurou-se com os pneus ao asfalto da estrada e percorreu o trajecto que a mente do condutor traçou… Do lado direito o capim batia na chapa da carrinha que do outro quase tirava tinta da carroceria do camião que carregava um contentor de 40 pés…E a Toyota lá passou pelo espaço que havia para passar e seguiu viagem. A adrenalina baixou, o arrepio desvaneceu-se, os Abba continuaram a cantar como se nada se tivesse passado, o colega que dormitava ao lado nem acordou e a viagem seguiu tranquila.
Acendi um cigarro para relaxar e não pensar mais no “mostro” de 14 rodas… E porque me dá prazer fumar um cigarro a conduzir.
Pela estrada olhava e via o que tinha acontecido aquela Terra. De longe, a longe veem-se as casas dos cantoneiros que outrora faziam a manutenção da estrada ao longo destes tantos quilómetros, desde Luanda até ao Huambo. Casas essas que estão em ruinas. Que pena!!!. Eu acho-as tão engraçadas…(diria, catitas…) Mas o abandono fez destas casa uma memória triste. Penso para comigo que os cantoneiros dessa altura passavam longos tempos sozinhos limpando e ajeitando a estrada. Mas em compensação tinham uma casa nos sítios mais agradáveis nesse trajeto. Porque essas casas estão todas bem situadas.
Ao passar olhei a ravina que guarda restos de carrocerias de camiões e autocarros que tantas vezes caem ali. Já ali vi “enterrado” nessa ravina, que fica no final de uma descida em curva, um autocarro novo que ali caiu cheio de passageiros e todos se foram. Arrepiei-me quando uns meses atrás, vi aquela viatura nova de cinquenta lugares, que teve ali o seu fim. Passo e a Toyota custa-lhe subir aquele declive da estrada. Já não é nova. Mas lá vai sem me comprometer a viagem. E ali mesmo foi construído um edifício de apoio à sinistralidade rodoviária. Não creio ser ironia, mas sim porque esse apoio é sensivelmente a meio caminho entre Luanda e Huambo e num dos sítios com mais sinistralidade.
A Quibala aproximava-se, já não faltavam muitos quilómetros. Poucos quilómetros, pode querer dizer uns 50 ou 60, ou até 100… A reta era comprida por aquela savana fora… O capim ladeava a estrada que ali estava com bom asfalto. O capim já quer invadir o asfalto, acha que deve ocupar todos os espaços livres. Mas ali passam carros e camiões sempre em contínuo. A passagem das viaturas faz com que o capim alto fique a ondular tal como as ondas do mar… Eu gosto de ver pelo retrovisor o capim a balançar quando passo rasante a ele… Ver aquelas ondulações é como que ver ondas do mar onde apetece mergulhar e o calor até é convidativo a dar um mergulho, mas ali o mar está longe e o melhor então é seguir viagem vendo as ondas do capim… O Luis dormitava ao lado. Vidro da janela aberto e braço apoiado para fora da janela do carro. Apesar do carro ter ar condicionado, raramente ligo nas viagens. Gosto de sentir o zunir do vento com a velocidade do carro e sentir o calor e cheiro da terra. O Luis é como eu e então as viagens na companhia dele são agradáveis, até porque temos sempre bons temas de conversa… (quando ele não dormita, ou se vai ele a conduzir não vou eu a dormitar… gostamos de conversar um com o outro…) Agora ele dormitava e o carro passava rasando o capim que balançava à passagem… O capim com uns dois metros de altura balançou, bateu-lhe no braço e ele acordou.
- Que aconteceu pra ires assim rente ao capim?
- Gosto de ver o capim a balançar quando o carro passa. E eu sorri.
- Pois, está bem, mas nem tanto porque até me bateu no braço. És doido?
- Sou um pouco doido sim… E isso é para sentires África…
- Está bem. Eu gosto de sentir áfrica mas assim na pele não…
Sorrimos e cada um acendeu um cigarro. A conversa foi seguindo sobre a paisagem e principalmente sobre o problema que tínhamos que resolver no Huambo. Uma máquina que está parada há dois anos e que é preciso colocar em ordem para ir trabalhar para Moçambique e sobre o gerador que parou e deixou uma britadeira sem partir pedra. Passados mais uns quilómetros o meu companheiro de viagem deixou-se embalar pela música e voltou a fechar os olhos com preguiça.
A Quibala surgiu e passei sem parar no sítio onde por vezes paramos para saborear uma cerveja. Cruzamento da Gabela e eu olho. - “Um dia haverei de ir outra vez à gabela”- Pensei.
Mais estrada… E mais estrada… Vou pensando com o s meus botões que esta estrada até ao Huambo é muito comprida. E ora vai zigazeando pelas encostas como uma serpente, ora se estende pela savana como uma longa fita de aço que brilha ao sol. Ali a Toyota descrevia as curvas e contra curvas com certa velocidade, mas é que já passava das 13 horas e o Waco Kungo, (Cela) ainda estava longe. Dizia a minha avó, que quando temos fome a barriga comanda a perna. E ali era o pé do acelerador que era comandado. Passo aquela curva e surge a reta até ao Wuaco Kungo. 120 K/h era velocidade razoável e abrando ao entrar na cidade. O Luis abriu os olhos e perguntou. (este companheiro hoje dorme demais. Penso eu…)
- Onde estamos?
Para brincar um pouco disse. – Estamos a chegar à Quibala.
- Andamos bem. Disse ele.
- Pois andamos e tu hoje só dormes. Estamos no Waco, a Quibala já ficou para trás há muito tempo. E agora vou parar para comer.
Entramos na cidade e junto do edifício do governo almoçamos.
Novamente estrada e dali até ao Huambo vai ser sem parar.
Cruzamento do Cassongue. Até ali, vai chegar uma estrada nova desde o Bailundo.
Olho a paisagem que vai passando como filme. Olho à distância e vejo aldeias com os seus habitantes, não vejo os habitantes, mas sei que lá estão cuidando dos seus afazeres, eles também não sabem nem fazem ideia que ali vai um carro com dois ocupantes que trabalham nesta terra para tentar melhorar a vida deles. E assim todos fazemos parte deste mundo. Nem todos sabem de todos, mas todos fazem falta para a construção do mundo, por mais pequenos que sejam.
Mais uma reta, é que em Angola as estradas têm retas longas, não sei se sabiam.
Vejo ao longe o “pináculo” da montanha de rocha que assinala que o Alto Hama está perto, uns 50 kms. O sol da tarde vai caindo e tinge de alaranjado aquela imensa paisagem. Assim com essa cor fica com uma beleza sem igual. E penso: Fantástico!
Na subida, ultrapasso na estrada estreita um camião que vai em marcha lenta. Depois da subida vejo lá ao fundo as Água Quentes do Alto Hama. Um dia paro aqui, mas hoje não posso perder mais tempo, pois esta viagem hoje está mais demorada que normalmente, é que deixei de fazer “corridas” nas estradas desde que um colega meu teve um grave percalço. Acho que foi um aviso para todos os que andam na estrada.
Alto Hama… Cruzamento daquela estrada que vai até ao Lobito. Eu, também gosto do Lobito e Benguela. (um dia, quem sabe, eu “viajo” (num escrito) com vocês até Benguela.) Olho para essa estrada………………..
A janela do carro aberta e sente-se o fresco da aragem. Já se sente o ar do Planalto central de Angola. É fim da tarde e o fresco sente-se na pele. Passo o cruzamento para o Bailundo e a Chipipa é já ali. Ao passar na Chipipa duas cabritas fazem-me travar a fundo. É que ali não há passadeiras e as cabras nem conhecem o código de estrada e atravessam onde lhes apetece e quando querem.
Mais uns quilómetros e avisto a pedra da Cuca. Sobe-se a colina e a pedra da Cuca imponente fica ao lado. Viro à direita e o local da intervenção é ali.
Vamos directos até junto do gerador que estava ali quietinho em silêncio. Parece que não queria que a britadeira trabalhasse para não fazer barulho. Mas nós não estávamos ali para ele descansar.
Fim da viagem, mas não do dia de trabalho. E não estávamos ali com 600kms percorridos para deixar aquele gerador “caladinho”.
Abrimos a porta do quadro de comando e o Luis carregou no sensor verde e o motor potente roncou e ficou a trabalhar serenamente como deve ser. Reparamos nos indicadores de tensão e intensidade e confirmamos que estava com alguma “doença” sim. Mas um ajuste ligeiro e deixou-o melhorzinho.
- Liga a britadeira. Dissemos ao homem responsável.
Ele lá ligou aquela máquina maluca de partir pedra e ela lá foi cumprindo as funções. Fazendo as pedras grandes, em pequenas.
O gerador lá se aguentava, mas não estava bom. Dava para trabalhar. Teríamos que resolver o problema amanhã.
Agora vamos descansar que a noite já chegou e ver se a Lu tem alguma coisa para nós comermos.
Foi mais uma “aventura” por Terras de Angola.
23:30 horas do dia 25 De Novembro de 2010, aeroporto de Lisboa, embarco no avião com destino a São Tomé e Príncipe.
Viagem há muito ansiada desde que li o livro o “Equador” do Miguel Sousa Tavares. Se ainda não leram aconselho a ler.
Sento-me no lugar que me está destinado e tento relaxar, mas alguma ansiedade de ir ver aquela Terra não me deixa descansar muito, se é que é possível descansar dentro de um avião e numa viagem que demora umas seis horas. Sabem o que é estar seis horas dentro de um avião? E num avião pequeno que só tem bancos para estarmos sentados. Nem um bar, nem sala de bilhar tem… Não levem isto a sério porque um avião é mesmo assim. Mas vamos ao que interessa. A minha ansiedade prendia-se que ao ler o “Equador” li factos históricos. Alguns factos que eu poderia constatar no local.
Já confessei e sabem de outros escritos meus, que África me fascina. Acho África fascinante e misteriosa. Seduz e não se deixa seduzir. Ali contemplamos e ficamos presos sem prender… (É uma opinião pessoal dos sentires que tive nas várias África(s) que visitei …)
Agora ia sentir São Tomé e Príncipe.
O avião rola na pista, acelera, ouve-se o ruído dos motores, aquela ‘coisa’ treme um bocadinho, levanta o nariz e lá estamos nós nos céus de Lisboa. Inclina-se para a direita, volta a ficar nivelado e sobe, sobe, até á altura da velocidade de cruzeiro… E dali até São Tomé é quase uma linha recta. (relato isto porque depois de mais de muitas viagens, o levantar voo de um avião comigo dentro continua a dar-me um gozo e um prazer enorme… Já disse, pronto.)
- Senhores passageiros, obrigado por viajarem connosco, a nossa viagem até São Tomé durará cerca de seis horas. Mantenham os cintos apertados enquanto o sinal estiver aceso. Esperamos que tenham uma viagem agradável.
Ouviu-se a voz da chefe de cabine e desejar-nos boa viagem. Sempre a simpatia da TAP.
Chegaríamos ao destino pelas 5:30 horas locais, na altura a mesma hora que em Portugal.
Depois de passadas essas horas com uma viagem tranquila ouve-se a voz da chefe de cabine dizer.
- Senhores passageiros, vamos começar a descer para São Tomé.
Passados alguns minutos ouve-se a voz do comandante de voo.
- Senhores passageiros, está mau tempo em São Tomé mas mesmo assim vamos tentar aterrar, se não conseguirmos vamos para Libreville até que a tempestade passe em São Tomé.
- Onde é Libreville? Pergunto eu á hospedeira.
- É no Gabon. Está tempestade em São Tomé e se não conseguirmos aterrar vamos para lá.
Não houve tempo para mais nada…
O avião começou a tremer… Eu olho pela janela e com o dia a clarear, que naqueles sítios o dia começa pelas cinco horas da manhã, olho pela janela e de tanto nevoeiro e nuvens tão cerradas nem conseguia ver a ponta da asa do avião… Mas não tive mais vontade de olhar pela janela.
O avião balançava tanto que parecia que se ia quebrar... O pessoal tripulante mal se conseguia manter em pé, agarrava-se como podia aos bancos. Os gritos dos passageiros eram ouvidos em toda a nave que lutava por se manter direita nessa tempestade… Pânico total dentro do avião…
Repentinamente cai… Mais uns balanços horríveis… E todos pensávamos o pior… “este avião não se aguenta e vai partir-se….”
Novamente ouvem-se gritos de pânico… Eu nem sei se gritei também… Era assustador…
Eu olhava para o pessoal assistente de bordo e via como estavam assustados também. (quando um avião treme um pouco eu costumo olhar para os assistentes de bordo e se eles estão calmos eu descanso também). Mas naquele caso era bem diferente. Todos estavam em pânico…
Repentinamente outra vez… O avião cai que até saltamos do banco, não fosse o cinto e eu sei que teria caído… (já andaram na montanha russa? Pois é idêntico aquela descida brusca…) Só esperava ver quando as bagageiras caiam em cima de nós… Os gritos de pânico sucediam-se…
O Avião inclina-se para a direita, os motores rugem, a nave sai da zona de turbulência e os balanços vão-se reduzindo aos poucos… Tudo isto demorou breves minutos que pareciam eternidade.
Quando o avião estabiliza ouve-se a voz do comandante de voo.
- Senhores passageiros é impossível seguir para São Tomé devido ao mau tempo, está tempestade em São Tomé e então teremos que ir para Libreville até a tempestade passar.
Todos os passageiros ficaram em silêncio sepulcral, mas dali até ao Gabon a viagem foi tranquila. Mais umas voltas sobre os céus de África e começamos a descer para Libreville.
Sobrevoamos a floresta do Gabon e mais alguns minutos avista-se o aeroporto de Libreville…
E aterramos tranquilamente… Ninguém saiu do avião, não havia autorização para tal… (também fiquei com a sensação que se houvesse autorização para sair deste avião ele chegaria a São Tomé com metade dos passageiros, ou menos ainda. A maior parte dos passageiros eram africanos e a coragem parece que não muita… Constatei.)
Depois de umas três horas ali estacionados na placa do aeroporto de Libreville no Gabon e terem reabastecido o avião da SATA, fretado pela TAP, houve utorização para rumarmos novamente a São Tomé.
O avião faz-se à pista e levantamos voo rumo ao nosso destino inicial, São Tomé e Príncipe.
Uma hora de viagem tranquila desde o Gabon até ao aeroporto internacional de São Tomé.
Avista-se a Ilha de São Tomé e o avião passa… Vai dar uma volta no céu e volta. Desce, desce… Desce e obrevoa a água do oceano Atlântico, vem rasando a água e avista-se a orla de costa que a mim parece que o avião vai perder as rodas de tão baixo que vai e as rochas estão ali a aproximar-se. Mas nada disso, a pista começa ali em cima do mar. Início da pista e as rodas tocam o asfalto com os “tremeliques” naturais de uma aterragem. Sentem-se os travões a accionar e a velocidade ser reduzida rapidamente, somos impelidos para a frente mas o cinto segura-nos ao banco.
O avião rola pela pista entre o capim alto que temos a sensação de ali só existir aquele bocado de asfalto no meio do nada… Rolamos até ao final da pista e o avião dá a volta pelos próprios meios que ali reboques de aviões não há.
O avião regressa até à placa e estaciona.
Olho pela janela e nota-se os sinais da tempestade que ali tinha passado. Quando saí do avião percebia-se que tinha chovido muito, o ar estava impregnado de humidade. O calor era intenso e a humidade colava-se ao corpo. Estou habituado ao calor de África, mas a humidade ali é quase sufocante.
Cá estou eu em São Tomé. Agora vamos ver como é esta Terra. (depois de fazer o trabalho, claro)
Uma hora para passar a alfandega, controlo de passaporte e bagagem e saio para a área de espera que é junto ao parque de estacionamento.
Chegam a mim os vendedores de artesanato local.
- Amigo, agora não vou comprar nada, quando for embora compro-te.
- Olhe que não se esqueça, eu sou o Zé e vou esperar por si.
- Sim.- Amigo, precisa de um táxi? Diz-me outro homem.
Eu como não tinha amigos por ali e não ia precisar de táxi, respondi.
- Obrigado mas não preciso que um colega da empresa vem buscar-me.
Mais uns minutos e chegou o Colega que me levou para essa estadia de uma semana em São Tomé…
Isto foi a 1ª Viagem…
Voltarei outro dia para relatar as minhas emoções e sentires nessa Ilha de São Tomé….
Obs: Eu atrás disse várias África(s) porque tive o privilégio de visitar Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe. E em todos estes locais senti uma África diferente. Várias vivências e sentires dos Povos. Em cada sito sentimos coisas diversas. Cada local é diferente mas com a sua beleza peculiar.
Como anda a nossa comunicação social?
Muito se falou, escreveu e se deram opiniões…
Sobre esse assunto até se falou demais… (acho eu!...) E, sobre outros muito mais importantes pouco se disse.
Em 2010, em Portugal desapareceram várias pessoas. Morreram vultos que são insubstituíveis. Homens e Mulheres da Arte, da Cultura, das Finanças. E até gente anónima que fez mais pelo país… Que outro de quem se falou tanto e tanto e…tanto… Não vou enumerar todos. Vou falar só de um Homem da Cultura Portuguesa que desapareceu. António Feio…
Que se falou dele?.. Praticamente nada. Por aqueles dias da sua morte lamentou-se a perda desse Actor… E depois… Tudo se calou, parece que fazia falta fazer esquecer esse Homem. Excelente actor de quem eu gostava imenso. Deixou Obra na Cultura. Não me recordo de ouvir falar mais de António Feio!...
Parece impossível!...
Agora que acho que a ‘poeira’ assentou, quero também dar a minha opinião sobre o que se falou em demasia. (na minha opinião) Isto vem ao caso de ter ouvido dizer, (não sei até que ponto é verdade, mas a ser, custa-me acreditar), que alguém quer dar um determinado nome a uma rua.
Reparem…
Eu (ou qualquer pessoa) posso ter um gato muito meigo, que não faz mal a uma mosca, que quando chego a casa me vem fazer festas e espera que eu lhe faça festas. Que ronrona no meu colo. Eu dou tudo de bom a esse gato meigo. Ele fica contente e espera que eu dê… É natural, É instinto animal querer o que é bom. Esse gato só me dá alegrias porque é meigo… Nunca me arranhou e eu nem por sombras imagino que o poderá fazer.
Um dia fecho-o num quarto. Deixo-o sozinho. Quando chego não lhe faço festinhas e exijo que ele me ronrone… Quero festinhas do gato… Mas se eu o fechei e o prendi ele está ansioso por liberdade. Está stressado por estar fechado e preso… Não lhe apetece festas, nem fazer ronrom…
Eu agarro-o o aperto-o…
Para castigo no dia seguinte deixo-o fechado num quarto mais apertado ainda… Quando chego, ele está zangado comigo porque o deixei sozinho num quarto fechado e só exijo dele… Apesar da comida boa que lhe dou ele não está satisfeito porque lhe retirei a liberdade.
Quero ronrons do gato mas ele não está com disposição… Tá stressado… (e sabemos que em situações de stress não nos apetece ronronar).
Mas eu quero ronrons do gato porque lhe dou um tecto, comida e um bom sítio para dormir…
Acho que tenho direito a isso…
Mas o gato fica no canto dele… (os gatos tem duas personalidades, as pessoas também. Apesar de encobrirmos a segunda personalidade ela lá está à espera de se soltar)…
Quero festas e o gato não dá…
Então… Agarro-o… Exijo… Ele continua na dele… Eu aperto e digo-lhe. Que se não me dá o que quero prendo-o pra sempre, ou atiro-o pela janela para a rua e passa a ser um gato vadio sem eira nem beira. E se alguém o quiser acolher, vou dizer a esse alguém que ele é um gato que não vale nada e que não faz festinhas, nem ronronar faz. Só quer o que é bom e do melhor… Então a reputação do gato fica arrasto e mais ninguém vai acolher o gato. Ele não se pode defender porque não fala a ‘linguagem do homens’… E, eu faço isso só por pirraça. Porque eu um dia peguei num gato lindo, prendi o gato e ele com o stress de estar preso não tinha vontade de me ronronar…
Mas antes de o atirar pele janela eu volto a apertar o gato. Até o vou encurralar de encontro à parede…
O gato vendo-se encurralado fica furioso… Solta a outra personalidade… Não tendo mais opção atira-se a mim… Até me morde… Arranha-me… Volta a morder… Até é capaz de me mutilar… Um gato assanhado é muito perigoso… É capaz de matar… (já alguém viu um gato assanhado?... Pois se não, não queiram estar na frente dum gato numa hora dessas) Se o gato me matar, não deixa de ser um assassino. Não deixa de ser a morte de um ser humano. Mas bem vistas as coisas fui eu que provoquei…
Instiguei o gato até ele me atacar… Não precisa ser com violência física, pode ser com violência psicológica, que acho é bem mais perigosa e atroz.
De tudo o que se passou, acho que podia ter sido algo parecido.
É bem capaz de o “gatinho” ter sido encurralado ao ponto de atacar.
E bem sabemos por nós próprios, que quando perdemos as estribeiras nada nos detém e somos capazes de tudo.
Eu tenho pensado muito nisso e nisto… E “naquilo”…
Não deixou de ser uma morte!...
Um ser humano pode ter matado outro. É crime!...
Mas um “gato” encurralado é muito perigoso e nem sabe o que faz. E um gato não se encurrala a ele próprio, é alguém que o faz.
É verdade! O homem morreu…
Alguém o matou…
Mas acho, (é a minha simples opinião) que esse homem não é um herói. Não é um mártir… Era um cronista social… Que dava as suas opiniões como eu estou a fazer agora. Pergunto!... PORQUE É QUE MERECE TANTO DESTAQUE DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL???...
Que fez em prol da nossa sociedade? Que fez pelo bem comum? Que fez por Portugal?...
Escrevia artigos nas revistas, (alguns bem ácidos).
Quantos anónimos fizeram muito mais e ninguém fala deles.
Eu até acho que faço bastante pelo País. Não sou falado nem espero… Ajudo a fazer estradas que servem o país. Estradas que servem para esses ditos ‘importantes’ passarem…
E tantas vezes, ao passarem eles, me impedem de eu passar na estrada que ajudei a construir.
Se eu e outros como eu não construíssemos a estrada eles não tinham por onde passar.
Quem é mais importante?
Querem dar o nome dele a uma rua?... Essa rua, eu não vou construir.
Talvez eu esteja errado, mas, ainda não ouvi dizer que querem por o nome de António Feio a uma rua…
Então senhores dos meios de comunicação social?... Não fazem nada por isso?...
António Feio merece que não o deixemos esquecer. Vocês tem obrigação disso!!!
Porque tanto falatório de uma pessoa que um dia encurralou um “gato” e depois foi atacado por ele… É certo que o “gato” matou… Mas pra mim, é certo que a ‘pessoa’ quis subjugar o ‘gatinho’ e ele se sentiu encurralado ao ponto de a única defesa que tinha era atacar.
Espero com isto não voltar a levantar a ‘poeira’… Poeira que foi atirada ao metro de Nova York… Cada um faz o que quer… Mas, devemos ter o sentido do ridículo…
E eu acho que aquele episódio filmado em directo foi ridículo…
As nossas televisões, rádios, revistas e jornais, não tem mais assuntos para noticiar?...
Estamos mal!...
Eu tenho orgulho de ser Português!... Mas não me sinto reflectido naqueles actos!... Fazem essas “figuras” como que seja um acto heróico e depois ainda querem que nos levem a sério.
Era uma vontade do homem… Muito bem… Mas não havia necessidade… De tanto espalhafato…
E o que me deu mais confusão… (ou não) foi aquele acto ser patrocinado pelos meios de comunicação social… Senhores dos média… Há gente e coisas bem mais importantes para ser notícias!...
É uma opinião…
Tenho dito…
Naquele dia eu estava em frente do júri constituído por nove pessoas.
Pessoas qualificadas para se certificarem se eu podia ser validado com o 12º ano pelos meus conhecimentos e merecia um diploma.
Apresentei o meu trabalho (constava de um dossier com 110 página dactilografadas por mim e mais uns 50 anexos confirmativos das minhas evidências) e concordaram por unanimidade que eu merecia. Conversamos mais um pouco e na conversa surgiu o tema de que, muita gente acha este processo uma farsa.
Os Elementos do júri pediram às pessoas que estavam a ser certificadas para que divulguem este processo porque é um processo muito válido. O que eu concordo plenamente!
Quem não concorda que tente fazer, e vai ver que isto não é tão fácil como se pensa.
Senão vejamos: Constatei que só é validado quem demonstrar conhecimentos nas áreas específicas e que são exigidas.
No dia seguinte, 16-12-2010, levanto-me de manhã todo animado porque já podia dizer que tenho o 12 ano, vou tomar um café, um dos meus vícios, é que eu sem café não funciono muito bem, e, nem de propósito, estavam duas pessoas a falar deste mesmo processo. Uma dessas pessoas defendia que era muito válido, a outra pessoa dizia cobras e lagartos e estava totalmente contra e que era uma farsa mesmo, que com este processo estavam a querer enganar as pessoas e a sociedade com diplomas que não eram válidos.
Não me contive e entrei na conversa. A pessoa que não concordava disse-me que isso tudo era um “engana meninos”… <Que as pessoas saiam de lá com a ideia que sabiam muito e eram enganadas, porque como podia alguém aprender em alguns meses aquilo que os alunos nas escolas demoram anos.>
Disse-lhe eu: - Aí é que tu te enganas!... Quem faz este processo não vai lá aprender. Vai demonstrar que sabe! E se não sabe não é certificado. Vai lá fazer e verás que não é como pensas nem tão fácil assim.
Ele contradiz: Isso é tudo um engano, como é que aprendeis em pouco tempo o que os estudantes aprendem em anos.
Eu: - Olha, eu não aprendi na escola, mas aprendi na vida! Já tenho 47 anos, em novo e escola só pude fazer o 6º ano, mas, se durante a vida não aprendi nada, sou mesmo “tapado” ou ando distraído… Fui lá e demonstrei que sei, e tu, se queres confirmar vai lá também, se não vais é porque queres ficar na ignorância e criticar, ou tens andado “distraído” na vida.
Ele: - Não me convences…
Eu: - Posso não te convencer e olha que nem pretendo, mas se não conheces o processo não falas daquilo que não sabes, porque ignorante não é o que não sabe, é o que não quer saber… (as palavras podem não ter sido estas, mas o contexto é o mesmo)
Depois o meu café terminou, o dia de trabalho tinha que seguir o seu curso e eu lá fui à minha vida e ele ficou na dele.
Mas quero dizer aqui mais umas coisas:
Não conheço todas as disciplinas do 12º ano, mas algumas são estas:
- Português __ Duvido que algum estudante do 12º ano saiba mais Português que eu… (e até na antiga ortografia, porque o novo acordo ortográfico para mim é uma treta e que mata um pouco a Língua Portuguesa que faz parte do nosso património cultural…)
- Matemática__ Não saberei tantas fórmulas de matemática com quem está actualmente no 12º ano, mas não me envergonho daquilo que sei…
- Língua Estrangeira__ Pouco sei de línguas, mas não me tenho dado mal com o que tenho aprendido e me tem feito falta…
- Educação Moral e Religiosa Católica__ Duvido que algum estudante de 12º ano tenha melhor noção do que eu o que é a “moral” e “religião católica”…
- Educação Física__ Actualmente não pratico muito desporto, mas pratico outras actividades que exigem muito do meu físico…
- Biologia__ Confesso que pouco ou nada sei neste campo…
- Física__ Podem crer que sei algumas coisas sobre física…
- Química__ Nesta área também tenho alguns conhecimentos…
- Geologia__ Se trabalho com rochas, é natural perceber um bocadito…
- Geografia__ Na minha actividade profissional tenho que lidar com a geografia…
- Psicologia__ A minha actividade profissional exige que também seja psicólogo…
- Aplicações Informáticas__ Sei mexer num computador razoavelmente, até posso ensinar umas coisas a alguns estudantes do 12º ano…
- Sociologia__ Na minha vivência tenho que me socializar com várias pessoas e povos. A acho-me bastante sociável…
- Clássicos da Literatura__ Duvido que algum estudante tenha lido mais livros que eu. Clássicos?... Para mim foram. Não vou enumerar aqui todos os que li.
- Antropologia__ Na minha actividade profissional tenho que lidar com gentes de várias classes sociais, de várias regiões do País e do mundo. Portanto acho que entendo um pouco de antropologia…
Assim, posso nem saber tudo de todas as disciplinas referentes ao 12º ano, mas sei o necessário para ser validado com essa equivalência e por conseguinte merecer o diploma.
Nem todos os estudantes do 12º ano estudam todas as disciplinas que o compõem. Depende da área que querem seguir os estudos e não é por isso que deixam de ser validados com diploma.
Senão reparem: “Um Doutor”; tanto pode ser um médico, como formado em economia… O médico pouco ou nada entende de economia e o economista nada entende de medicina… São ambos doutores…
“Um Engenheiro”; Tanto pode ser um engenheiro de mecânica, como engenheiro de construção civil… O engenheiro de mecânica nada sabe de construções e o engenheiro civil nada percebe de mecânica… São ambos engenheiros…
Porque é que, eu que estudei na “Escola da Vida”, aprendi e demonstrei conhecimentos não posso ser reconhecido com a equivalência do 12º ano?...
Acham uma treta este Processo???...
Pois, quem acha isto uma treta, que se vá inteirar como este processo se faz, e, se tem coragem que o faça para ter a certeza se é válido ou não…
Quem está contra não fale sem saber o que diz!…
Se aprendeste na escola da vida, vai tentar também a tua equivalência do 12º ano.
Se não tens coragem é porque talvez tenhas andado distraído e não viveste, passaste pela vida…
Para terminar quero referir.
Fui acompanhado e validado pelos meus conhecimentos, por Profissionais competentes nas áreas exigidas. Exigiram de mim e tentei demonstrar que tinha conhecimentos.
Obrigado por me terem aturado este bocadinho…
E obrigado a todas as profissionais que me aturaram durante o processo.
Pensamentos do dia:
- O sexo é como uma estação de serviço:
às vezes recebe-se um serviço completo;
outras vezes tem que se pedir para se ser atendido
e há vezes em que temos que nos contentar com o self-service!
- Um homem é como um soalho flutuante:
Se for bem montado pode ser pisado durante mais de 30 anos.
- As calorias são pequenos animais que moram nos roupeiros e que durante
a noite apertam a roupa das pessoas.
- Os problemas do nosso país são essencialmente agrícolas:
excesso de nabos; falta de tomates e muito grelo abandonado.
- O trabalho fascina-me tanto que às vezes, fico parada a olhar para ele.
- O Casamento é um relacionamento a dois, no qual uma das pessoas está
sempre certa e a outra é o marido.
- A mulher está sempre ao lado do homem, para o que der e vier; já o
homem, está sempre ao lado da mulher que vier e der.
- Se fores chata as tuas amigas, perdoam;
Se fores agressiva as tuas amigas, perdoam;
Se fores egoísta as tuas amigas, perdoam;
Agora experimenta ser magra e linda!
Tás fod*da!
- O amor é como a gripe, apanha-se na rua, resolve-se na cama!
- O excesso de sexo provoca amnésia e outras merdas que agora não me lembro...
- Os 'cornos' não existem! Isso são merdas que te colocaram na cabeça. Okey?
- Portugal é um país geométrico: é rectangular e tem problemas
bicudos discutidos em mesas redondas, por bestas-quadradas!
- A diferença entre Portugal e a República Checa é que esta tem o
governo em Praga e Portugal tem a praga no governo.
- Não procures o príncipe encantado. Procura, antes, o lobo mau: ouve-te
melhor; vê-te melhor e ainda te come.
- Toda a gente se queixa de assédio sexual no local de trabalho.
Ou isto começa a ser verdade ou então despeço-me!!!
- A mulher do amigo é como a bota da tropa; também marcha!
- O cérebro é um órgão maravilhoso. Começa a trabalhar logo que
acordamos e só pára quando chegamos ao serviço.
- O teu computador é como uma carroça: tem sempre um burro à frente!!!
- As hierarquias são como as prateleiras, quanto mais altas mais inúteis.
- Os trabalhadores mais incapazes são sistematicamente promovidos para o
lugar onde possam causar menos danos: a chefia.
- Qual a diferença entre uma dissolução e uma solução?
Uma dissolução seria meter um político num tanque de ácido para que se dissolva.
Uma solução seria metê-los a todos.
- A infidelidade e a devolução de um cheque resultam ambos da mesma situação:
FALTA DE COBERTURA.
- Chocolate não engorda, quem engorda és tu!!!...
(isto, enviaram-me por e-mail... achei curioso e agora partilho com vocês... SIm!... Foi uma Mulher que me enviou..)
(CARLA MOURA: Famosa psicóloga brasileira especialista em sexologia.)
Tenho um conselho valioso para dar aqui: Se acabaste de conhecer um rapaz, tenta disfarçadamente descobrir como é a sua barriga.
Se for musculosa, torneada, estilo “tablete”, FUJA!… FOJE!… Começa a correr e só pares quando estiveres a uma distância bem segura. É fria!... Vai por mim.
Homem bom de verdade precisa obrigatoriamente ostentar uma barriguinha de (chopp) cerveja. Se não, não presta!
Nunca verás um homem barrigudinho tirar a camisa dentro de uma boite e dançar como um idiota em cima do balcão. Se fizer isso, é para fazer graça para a malta e provavelmente será um homem engraçado.
E nunca serás informada sobre quantas calorias tem no copo de cerveja, porque eles não sabem e nem se importam.
Esses homens entendem que, se eles não estão em forma perfeita o tempo todo, também não precisas estar.
Se ele souber cozinhar, então, bingo!... Encontras-te a sorte grande, amiga. Ele vai fazer-te todas as delícias que sabe, e, nunca torcerá o nariz quando repetires o prato. Pelo contrário, ficará grato e feliz.
Outra coisa fundamental:
Homens barrigudinhos são confortáveis!
Experimenta pegar numa tábua de passar roupa e deitar-te em cima dela.
Pois, é essa a sensação de te deitares no peito de um besta musculoso. TERRÍVEL!!!
Gostoso mesmo é encaixar-te no ombro de um fofinho, isso é que é conforto. E na hora de dormir de conchinha, então???... Ficar ali na curva do corpo dele… Parece que a barriga se encaixa perfeitamente na nossa lombar, e fica-se sensacional.
Dia internacional da BARRIGA – Vai chegar!!!…
Chega de “VIADAGEM”….
(da Revista: SÓ RIR)
Veja todo o texto aqui - http://maynabuco.blogspot.com/2008/07/homens-com-barriga-carla-moura-psicloga.html
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